Alice
acordou, mas não levantou. Ficou novamente olhando para o teto com a mente
vazia. A infiltração das chuvas passadas
lhe encarava como a morte encara um doente terminal.
Passavam das
11 da manhã e ela podia ouvir o vizinho do apartamento ao lado saindo para
buscar os filhos. Era rotineiro, ele pegava as chaves e começava a balança-las
ao som do ritmo de seu assovio. Ela sabia que dentro de algumas horas aquelas
crianças barulhentas iriam chegar e acabar com a paz matinal. Então ela
agradecia por não ter filhos, mas ao mesmo tempo odiava não ter ninguém.
Mais um
cochilo e ela desperta com os demônios em forma de crianças. É hora de
levantar, jogar uma agua na cara e tentar comer alguma coisa que ainda preste
na geladeira.
Coloca a
lasanha congelada no micro-ondas e acende um cigarro. Termina o cigarro e ainda
aguarda a lasanha. Pega uma cerveja e come um pedaço daquela refeição nada
saudável.
Alice olha
pela sacada e percebe que o tempo está nublando. Fecha as cortinas e volta pro
quarto. Ingere mais remédios para conseguir aguentar o resto daquele longo dia.